quinta-feira, 7 de maio de 2009

O virtual e a masturbação

Eu não sei se você me lê, não sei quem me lê aqui, se é que lê. As facilidades do, digamos assim, mundo moderno, criam esta espécie de banalização da novidade, que se torna algo tão efêmero. A novidade é um fogo fátuo. A tecnologia nos atrai para nos superar logo em seguida. Sempre há uma coisa nova tornando velha a coisa recente que substitui.

Eu ainda sou velho, expressão essa estranha, mas que significa que não me sinto moderninho com as modernidades. Nada de rabugice, não é isso não. Trata-se de não se entregar ao impasse cotidiano de se sentir sempre superado. Então, eu me valho da boa e velha memória para não deixar de lado as coisas que ainda outrora eram tão mais trabalhosas.

Escrever uma carta hoje é uma bobagem. Temos o e-mail e a própria mensagem no celular, coisas tão instantâneas e que de um modo muito mais barato superam as maiores distâncias.

Mas o paradoxal é que esse superar de distâncias nos afasta da proximidade. Como dizer que essa proximidade tecnológica no tempo e no espaço virtual nos obriga a uma distância real. Vou me sentir repetitivo dizendo que nos escondemos atrás dessa tela luminosa e que não vejo nisso mágica nenhuma.

Ocorre isso com os blogs que mantenho, uns cinco, nos quais estou sempre me sentindo com uma necessidade de falar, dizer as coisas (escrevendo, é claro!), como se essas coisas fossem ditas para mim mesmo. Em um deles coloco os devaneios. Neste, tenho a pretensão de colocar um pouco mais de reflexão. Tem um para a poesia que ainda teimo em escrever de maneira séria e um outro ainda para um exercício mais livre da poesia.

A reflexão que ora faço aqui é qual é a utilidade social disso tudo. Como posso me socializar daqui detrás desta tela luminosa, quando a maior facilidade que tenho para isso é ainda no tão fora de moda “cara a cara”, no espaço aberto e real da linguagem falada, da linguagem corporal, dos tons da fala que não deixam dúvida sobre se há sinceridade ou ironia, humor ou sarcasmo, interesse ou tédio.

“Use o computador para arranjar companhia!” Mais de uma pessoa mais de uma vez já me aconselhou isso. Talvez seja difícil explicar por que resisto a isso. Não sei como explicar, essa é a questão. Arrisco dizer que se não confio nem na impessoalidade da pessoa que está na minha frente, como confiar na impessoalidade da pessoa que está a quilômetros de distância atrás de seu computador fingindo que a vida pode ser bela sendo uma “Matrix”?

Pessoas são reais, ainda que representem, que iludam a si mesmas e aos outros, ao vivo e em cores são muito mais factíveis e interessantes. Numa relação pessoal (e pessoalmente) podemos ver as pessoas se emocionarem, ficar verdes de raiva ou vermelhas de vergonha, vemos sorrisos, olhares, as mãos que nunca sabem onde ficar, traindo contradições. Isso e muito mais. A diferença entre um relacionamento pessoal e um virtual é exatamente igual a fazer sexo com uma mulher de carne e osso ou com uma boneca inflável. E, meus caros, a masturbação é um paliativo do prazer que nem de longe substitui o prazer de verdade.

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