domingo, 11 de março de 2012

De insetos e pessoas


Quando eu me mudei para o apartamento em que moro atualmente é que me dei conta de que uma pessoa que viveu toda a sua vida rodeada de gente, para ficar sozinho precisa de certa preparação. Bom, eu não tive isso. Teve que ser tudo no “vamos ver como vai ser daqui por diante”.
Adquiri tempo para ver coisas que não via antes, porque olhava para elas, talvez, com mais atenção.
A primeira coisa que vi foram os insetos. Descobri que o prazer de estar bem ao lado de um parque arborizado traz isso como bônus extra. Gostei das joaninhas, sempre com os seus vestidos de bolinha. Tinha uns que gostavam de voar de fora para dentro, davam uma espiada e saíam pela mesma janela por que entraram. Não gostei das baratas, tive que acabar com elas. Não é nenhum preconceito especial com elas, é que elas são muito entronas.
Somente um inseto ganhou o meu respeito: a tal da Maria Fedida, que atende também pelo pomposo e científico nome de Nezara viridula. Por que o respeito? Porque ela fede quando ameaçada. Por isso que, ao ver uma delas passeando pelo apartamento, tenho a pachorra de recolher a bichinha e colocar lá na árvore que fica em frente à janela.
Gosto mais de árvores do que de insetos. A árvore que fica em frente à janela chama-se Tabebuya pentaphylla, mas há que se informar que ele é um Ipê Rosa, não o nosso, o brasileiro, mas de El Salvador. Na esquina oposta ao meu prédio tem um prédio igual ao meu com um Ipê Rosa igual ao que está em frente da minha janela. E isso é uma feliz coincidência.
Não sei quem ou o que diz para a formiga que acabou de nascer que ela é operária ou guerreira. A questão é que elas sabem. A genética é que diz e elas sabem ouvir essas ordens da natureza.
Depois deste post vou precisar de mais uns dez para justificar que, apesar de todas as considerações que posso fazer acerca dos animais de estimação e das plantas, incluindo as árvores, eu ainda prefiro o ser humano. Sou fã desse bicho, com todas as suas poucas qualidades e os seus muitos defeitos. Mas a conclusão de um contrasenso: o ser humano é o único ser vivo que eu odeio e amo indistintamente sem precisar dar explicações.

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